Categorias
Espiritualidade

O “romantismo” na busca de ser Xamã

Não é de hoje que percebo nesse meio um apelo muito maior ao visual e ao ego do que o real compromisso com a condução das medicinas e com a cura.

Eu entendo que a figura do xamã representa poder e luz e é até compreensível das pessoas aspirarem tal colocação, mas vamos deixar bem claro aqui que ser um xamã não é nada do que parece, enquanto focamos apenas na imagem que o xamã representa com sua paramentação e ritualística, e por vezes nos esquecemos de que por trás dessa figura mítica existe uma pessoa, um ser humano.

O xamã não tem vida, sua vida se resume em passar metade do tempo no astral consultando espíritos, estudando doenças, adoecendo para compreender a ação da mesma e a outra metade do tempo atendendo pessoas doentes.

A sina do xamã só se mantém por sua firmeza de caráter, resiliência, desapego e entrega. Sua riqueza maior não são bens materiais e sim todo conhecimento adquirido e experimentado durante sua jornada e dos seus instrumentos de poder o mais importante de todos é o seu tambor interno, o coração.

Todo aquele que se propõe a trilhar o caminho vermelho deve sim, a todo momento, buscar conhecimento e entendimento de como se processa o trabalho de cura seja qual for a ritualística ou medicina utilizada, as fontes de conhecimento não secam, mas é necessário uma constante vigília e atenção intuitiva, pois existem muito mais caminhos de desvio e chaves perdidas nessa jornada do que o caminho das pedras propriamente dito.

Que fique claro, xamã é aquele que enxerga no escuro, xamã já nasce pronto, não existe formação em xamanismo, o que existe é um bando de gente de cidade, pagando de pajé e vendendo caixinhas, se deixa enganar quem ainda está preso aos apelos visuais da consciência mental e não entendeu nada do que realmente é esse universo Quer aprimorar seus conhecimentos xamânicos? Converse com as plantas e com os pássaros, aprenda a ler as notícias nos troncos das árvores, aprenda a ouvir o coração da terra no nascer e pôr do sol. Agradeça ao grande espírito sempre e que nele resida a sua fé.

Texto de Rene Dalton